sexta-feira, 15 de maio de 2009



Enfim, livres, mas e aí?

A Lei Áurea, que decretou o fim da escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888, foi um documento que representou a libertação formal do escravo, mas não garantiu a sua incorporação como cidadão pleno à sociedade brasileira.
O ex-escravo, abandonado à sua própria sorte, engrossou as camadas de marginalizados, que constituíam a maioria da população. Não possuíam qualificação profissional, o preconceito continuava e não houve um projeto de reintegração do negro à sociedade que acompanhasse a abolição da escravatura. Expulsos das fazendas e após vagarem pelas estradas foram acabando na periferia das cidades, criando nossas primeiras favelas e vivendo de pequenos e esporádicos trabalhos, normalmente braçais.
A escravidão deixou marcas na sociedade brasileira: a concentração de índios, negros e mestiços nas camadas mais pobres da população; a persistência da situação de marginalização em que vive a maioria dos indivíduos dessas etnias; a sobrevivência do racismo e de outras formas de discriminação racial e social; as dificuldades de integração e de inclusão dessas etnias à sociedade nacional e os baixos níveis de renda, de escolaridade e de saúde ainda predominantes entre a maioria da população.
A escravidão, portanto, fornece uma chave fundamental para a compreensão dos problemas sociais, econômicos, demográficos e culturais ainda existentes na atualidade.
Extraído do site:

Manhã de 14 de maio de 1888
O sol companheiro sorri.
Minha gente de pele escura,
Pela primeira vez livre em terra estranha,
Caminha dispersa, subindo os altos e chapadas,
À procura de abrigos nesse Brasil inverso.
Receberam asas....presas
Asas de uma liberdade mascarada
Sob a tinta de uma pena,
Na mão submissa, a uma vontade forçada.
Mas, receberam asas....para voar,
E o seu território conquistar.
Minha gente de pele escura,
Dantes fechadas nas senzalas
Hoje, perdidas no mundo obscuro
Da verdade racista que cala,
E que pelo menosprezo fala.
Mas, minha gente de pele escura
É guerreira e não se curva.
Povo nômade, que em retirada ,
Deixam pra trás o calabouço,
Dos homens brancos o açoite.
Um novo estilo o assume,
A discriminação da raça novamente os pune.
Mas, minha gente de pele escura, tem destino, seus direitos que o intimam
Manhã de grande esperança, aquela de 14 de maio de 1888.
Cento e dezesseis anos depois,
Peregrinos de um verde desfigurado
Pela razão das mentiras alçadas,
Do Império a desdita que ainda grita.
Mas, meu povo de pele escura,
Não desiste, na sua vitória insiste.
Gente brava,essa minha gente de pele escura.
Quanto orgulho temos de nós mesmos,
Somos bravos sim,
Alicerce de culturasextraídas na nossa conivência pura.
Manhã de 14 de maio de 1888,
Manhã de 14 de maio de 2009,
Manhãs entre essas duas datas,
Minha gente se multiplica em
Cidadãos brasileiros,
Que solidificam suas raízes,
No sangue afro-brasileiro,
Que avançam sempre na conquista
De uma nova manhã, sem preconceitos,para um futuro com bons feitos.
Autora: Jair Martins

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